sábado, 29 de outubro de 2011

O câncer que incomoda não tá na garganta. Tá no caráter

Detectada a doença de Lula, o assunto começou a repercutir em todos os meios. Um amigo a quem muito ouço indagou-me se tal fato me trazia felicidade. A pergunta se repetiu mais algumas vezes. Este texto, que deve ficar longo, nasceu da necessidade de compartilhar o que realmente penso da situação.

Vem-me à memória a morte de ACM, no ano de 2007. Estava eu em Curitiba, em um congresso de jovens, quase todos esquerdistas maconheiros. Celebraram. Brindaram a morte de ACM. E não sei bem por que razão um esquerdista pode fazer isso, e um direitista não pode proceder igual com relação a Lula. “Ah, W Rafaell, mas Lula foi um excelente presidente, e ACM representava o que de mais retrógrado existia na política”.  Muita idiossincrasia em voga. Lula representa para mim algo tão nefasto como o que ACM representa para outros. E aí, em que pé ficamos? A esquerda pode desejar a morte de ACM e ser progressista, mas a direita não pode desejar a morte de Lula sem ser reacionária? Vão à merda os que pensam assim. “Arrá! Você está procurando argumentos para justificar o desejo pela morte de Lula”, pensa que matou a xarada o bípede petista. Matou nada...Mostrei apenas que, caso haja algum, e deve haver, ser humano desejoso da morte de Lula, ele não pode ser acusado por um esquerdopata de nada, por recíproco que estaria sendo.

Não tenho necessidade nenhuma de ser politicamente correto. Detesto isso, na verdade. De sorte que me dá indiferença se ele vive ou morre. Não compartilho de seu convívio e não tenho com ele ou seus próximos quaisquer relações de afinidade. Dizer que sentiria seu desaparecimento só para fazer as vezes de “bacana” não é meu estilo.

Dias atrás coloquei lenha na fogueira com um bocado de gente ao afirmar que quem deveria morrer era a Joelma da banda Calypso, e não o Steve Jobs. Levei cacetada de todos os lados, embora alguns parcos e caros tenham ainda concordado comigo. Reitero aqui que me referi não à pessoa física, e sim ao que representa a, digamos, “instituição” Joelma, com todos seus trejeitos, letras vazias, acordes (e cavalos) mancos e postura vulgar. Isso sim, a meu modo, deveria morrer. Mas voltemos ao ponto. Falei de Joelma para, por fim chegar ao Lula...

Lula representa na política o que Joelma representa na música. Lula é tudo, a meu ver, que deve sumir. Desaparecer. Morrer. Outra vez, no entanto, falo da figura institucionalizada, e não da física. Falo do apedeuta, e não da língua presa. Do ignorante, e não da mão cotó. Lula, a pessoa, que viva 1 dia, 1 mês, 1 ano, 1 década ou 1 milênio...A mim isso pouco diz. Pouco afeta.

O que tem que desaparecer é o “lulismo”. É a prática, os costumes, os modos e os métodos que caracterizam o modo “Lula” de fazer política. O lulismo está arraigado na sociedade brasileira. E isso nos faz mal. Muito mal. Mas não sumiria simplesmente com o desaparecimento físico do seu líder. Marx. Smith. Guevara. Jesus Cristos. Eis aí exemplos de pessoas que, desencarnadas, não tiveram suas “instituições” esquecidas, nem seu modus operandi extinto.

De modo que chega a ser contraproducente para quem faz política de oposição desejar a morte de Lula. Ele é sim embusteiro, enganador, farsante. Seu legado não iria (na verdade, não irá, posto que demore) para a mesma sepultura que ele.

Lula que viva...Que vá se tratar em Cuba, a melhor medicina do mundo (não é verdade, admiradores de Fidel?). Ele em si não me é motivo de preocupação. O câncer de Lula que me afeta não é o de sua laringe, e sim o de seu caráter. O seu legado moral e ético para a política nacional, sim. É isso que deve ir para a sepultura o mais cedo possível.

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