quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Bob Dylan e Relativismo Cultural


O Prêmio Nobel de Literatura a Bob Dylan me fez refletir uma vez mais sobre o relativismo cultural. A ideia de que não se pode julgar os valores culturais de um povo com base nos nossos próprios referenciais sempre me pareceu conversa de antropólogo esquerdóide.

Será que não se pode mesmo comparar a qualidade musical de Dylan com a de Amado Batista?

Marília Mendonça e Adele se equiparam do ponto de vista qualitativo, e preferir uma a outra é mera questão de “gosto”?

Chimbinha é mesmo um guitarrista Formidável? Se for, que adjetivo pode ser usado para definir Mark Knopfler?

Um vinho francês envelhecido em barris de carvalho e reservado e uma cachaça artesanal não podem ser confrontados quanto à suas qualidades?

As pinturas rupestres de um povo paleolítico têm o mesmo valor que O Grito, de Munch?

Osama Bin Laden e Gandhi tiveram a mesma envergadura moral? Aliás, Moral também entra no relativismo?

Definitivamente, colocar tudo e todos em patamar de igualdade implica desvalorizar o mais bem elaborado mais do que valorizar o trivial.

Gosto se discute, sim. As qualidades do que é bem feito devem ser exaltadas. As falhas do que é mal feito devem ser apontadas, a fim de serem corrigidas.

Despir-se de sua própria cultura para poder avaliar a alheia certamente funciona na academia. No cotidiano, estamos impregnados por idiossincrasias que não nos permitem, amiúde, enxergar o valor, ou a falta de valor, do outro.

Falta-nos alteridade.


E quem disse que isso sempre faz mal?

terça-feira, 19 de julho de 2016

Amigos!!



E mesmo odiando clichês, vou cada dia mais me entregando a frivolidades que a vida nos apresenta. Efeito do inexorável vilão chamado “tempo”.

Encerrei uma série chamada How I Met Your Mother (Como Conheci a Mãe de Vocês) e me entreguei a reminiscências. Sem ser uma superprodução, contam a história de como 5 amigos caminharam ao longo de quase uma década. Compartilhando momentos e estórias. No último capítulo, a personagem mais pé-no-chão (e justamente por isso apontada como a menos emotiva) aponta o trivial: cada um seguirá seu caminho; os encontros se tornarão menos frequentes; e nos reuniremos apenas, e com sorte!, nos grandes momentos da vida de cada um...

Por ironia, nessa mesma tarde, recebi o convite de casamento de um grande amigo da infância e juventude. Imediatamente passei a refletir sobre como é estranho não saber, nos dias atuais, que seu melhor amigo de dez anos atrás está prestes a casar. E passei a lembrar também de todos os amigos que colecionei ao longo dessas 3 décadas. De alguns, como aquele galego e aquela gordinha com quem estudei na alfabetização, não lembro mais sequer o nome. De outros, não sei o que é de suas vidas.

De um terceiro grupo, o mais numeroso, sei muito, mas os vejo pouco. Menos do que gostaria. É um sinal de que caminhamos nossas trilhas, com escolhas e caminhos diferentes, e que, em função disso, nos afastamos fisicamente, mas traremos sempre na memória as lembranças daquelas conversas intermináveis, daqueles planos mirabolantes que traçávamos...daquele tempo que deveria ser petrificado... (Como é mesmo o nome daquela gordinha, hein? E do galego? Tem até foto deles aqui no meu aniversário de 6 anos)

E quão gratificante será quando, nesses raros encontros, ao ver um amigo, sentirmos como se nos houvéssemos visto na noite anterior. Compartilharemos sorrisos e segredos, inspiraremos brincadeiras e confiança como se o tempo, este moleque traiçoeiro, não houvesse se esvaído ao longo de nossas jornadas. Afinal, como disse Einstein "Pode ser que um dia nos afastemos...Mas, se formos amigos de verdade, A amizade nos reaproxima."

É... faz parte do script da vida. E não jaz aqui uma reclamação de um futuro cadáver ranzinza, não. É uma mera contestação de alguém que, com o passar do tempo, cada vez mais, vai se apegando às pieguices da vida.

Desses amigos, eu não exijo a presença nem a demonstração constante de apreço. Exijo apenas a lembrança e a palavra amistosa. Pois, como bem dito e bendito por Martin Luther King, ponderando sobre o fim de uma batalha, "No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos”.

E olhem quão irônica é essa bostinha de vida que é a nossa... Celebra-se hoje o dia dos chatos prediletos, que chamamos “amigos”, como bem disse Mário Quintana.

Eu tenho grandes amigos. Não sei bem a que divindade agradecer, mas assim que o descobrir, farei isso. E a você, meu amigo, em Belo Jardim, e em tantas outras cidades de Pernambuco; em Sergipe e em tantos outros estados do Brasil; no Canadá e em alguns outros países, meu OBRIGADO POR ME SUPORTAR.

Saiba que só o que quero da vida é um pouco de êxito profissional, vigor físico pra viajar e conhecer novos lugares, e muito tempo para sentar perto de você, tomar uma dose, lhe contar minha vida e ouvir da sua.

"Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só." Amir Klink