quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Bob Dylan e Relativismo Cultural


O Prêmio Nobel de Literatura a Bob Dylan me fez refletir uma vez mais sobre o relativismo cultural. A ideia de que não se pode julgar os valores culturais de um povo com base nos nossos próprios referenciais sempre me pareceu conversa de antropólogo esquerdóide.

Será que não se pode mesmo comparar a qualidade musical de Dylan com a de Amado Batista?

Marília Mendonça e Adele se equiparam do ponto de vista qualitativo, e preferir uma a outra é mera questão de “gosto”?

Chimbinha é mesmo um guitarrista Formidável? Se for, que adjetivo pode ser usado para definir Mark Knopfler?

Um vinho francês envelhecido em barris de carvalho e reservado e uma cachaça artesanal não podem ser confrontados quanto à suas qualidades?

As pinturas rupestres de um povo paleolítico têm o mesmo valor que O Grito, de Munch?

Osama Bin Laden e Gandhi tiveram a mesma envergadura moral? Aliás, Moral também entra no relativismo?

Definitivamente, colocar tudo e todos em patamar de igualdade implica desvalorizar o mais bem elaborado mais do que valorizar o trivial.

Gosto se discute, sim. As qualidades do que é bem feito devem ser exaltadas. As falhas do que é mal feito devem ser apontadas, a fim de serem corrigidas.

Despir-se de sua própria cultura para poder avaliar a alheia certamente funciona na academia. No cotidiano, estamos impregnados por idiossincrasias que não nos permitem, amiúde, enxergar o valor, ou a falta de valor, do outro.

Falta-nos alteridade.


E quem disse que isso sempre faz mal?

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