O Prêmio Nobel de Literatura a Bob
Dylan me fez refletir uma vez mais sobre o relativismo cultural. A ideia de que
não se pode julgar os valores culturais de um povo com base nos nossos próprios
referenciais sempre me pareceu conversa de antropólogo esquerdóide.
Será que não se pode mesmo
comparar a qualidade musical de Dylan com a de Amado Batista?
Marília Mendonça e Adele se
equiparam do ponto de vista qualitativo, e preferir uma a outra é mera questão
de “gosto”?
Chimbinha é mesmo um guitarrista
Formidável? Se for, que adjetivo pode ser usado para definir Mark Knopfler?
Um vinho francês envelhecido em
barris de carvalho e reservado e uma cachaça artesanal não podem ser
confrontados quanto à suas qualidades?
As pinturas rupestres de um povo
paleolítico têm o mesmo valor que O Grito, de Munch?
Osama Bin Laden e Gandhi tiveram
a mesma envergadura moral? Aliás, Moral também entra no relativismo?
Definitivamente, colocar tudo e
todos em patamar de igualdade implica desvalorizar o mais bem elaborado mais do
que valorizar o trivial.
Gosto se discute, sim. As
qualidades do que é bem feito devem ser exaltadas. As falhas do que é mal feito
devem ser apontadas, a fim de serem corrigidas.
Despir-se de sua própria cultura
para poder avaliar a alheia certamente funciona na academia. No cotidiano,
estamos impregnados por idiossincrasias que não nos permitem, amiúde, enxergar
o valor, ou a falta de valor, do outro.
Falta-nos alteridade.
E quem disse que isso sempre faz
mal?
Nenhum comentário:
Postar um comentário