quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Um pouco da minha confusão mental para meus amigos


Faz hoje uma semana que não escrevia nada por aqui. Sei lá por que demônios, mas bateu uma necessidade de escrever algo, só que não havia assunto nenhum premeditado. Sento-me frente ao computador, fecho a porta da sala e arrisco (afinal, a vida é feita de riscos): vamos ver que monstro sairá desses dedos nervosos. É que escrever já se tornou um hábito, uma condição sine qua non do meu “eu lírico”. E olhem que nem dessa história de “eu lírico” eu gosto. Sempre achei uma chatice estudar o que os outros escrevem em função emotiva. Será que não bastaria ler em vez de ter de nomenclaturar, caçar escolas literárias nas quais os encaixemos, etc, etc e etc?

Sempre foi gostoso ler Júlio Verne. Mais ainda Machado de Assis e sua Capitu. A necessidade de dar um veredicto, tal qual um juiz, sobre se ela traiu ou não, sempre foi motivo para aborrecimentos. Que interessa se ela traiu ou não, diante do vasto mar de características psicológicas amiúdes com que Machado nos brinda em suas personagens nessa obra? E mais: Que me importa se Machado escreveu isso inspirado em escolas francesas, misturando realismo com sei lá qual outra escola... Piegas demais! A literatura, amigos, lê-se, não se explica. Alguém já falou isso sobre sentimentos como amizade e amor. Apenas sentimos, não precisamos explicá-los. Eu mais que concordo.

A técnica da escrita é muito interessante, hein? Você senta e diz pra si mesmo: “vou escrever algo. Não sei sobre o que, mas vou”. As letras vão saindo dos dedos e se atirando na tela. Algumas vezes, encaixam-se de modo a produzir sentido, daí vem alguém e te dá parabéns. Algumas outras, ficam assim, meio destrambelhadas, dizendo nada com nada, e alguém vem e pergunta “que porra foi aquilo que tu cuspiu no blog?”.

Talvez as letras possam ser uma metáfora para as ações nossas no decorrer da vida. Umas se encaixam certinho na situação encarada, e recebemos o devido feedback; Já outras, parecem mais terem sido obra de um diabinho soprando no nosso ouvido, das quais nos arrependemos amargamente.

Abro um parêntesis: (O quê? Você não se arrepende daquilo que faz? Só se arrepende daquilo que não faz? Conta outra, chapeuzinho... Ninguém é tão autoconfiante assim. Não há um só dia em que a insegurança não transborde no meu modus rafaellum operandi. Fecho um parêntesis.)

É...boa metáfora. As letras estão para a literatura assim como as ações que realizamos estão para a nossa vida. Resta saber fazer desta, como também daquela, algo de sentido, produtivo, útil, bonita e cheia de poesia.  E se à literatura cabe apenas ser lida, e não explicada, fiquemos pois à vontade para metaforizar mais uma vez e aplicarmos esse mesmo princípio a nossas vidas.

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