Detectada a doença de
Lula, o assunto começou a repercutir em todos os meios. Um amigo a quem muito
ouço indagou-me se tal fato me trazia felicidade. A pergunta se repetiu mais
algumas vezes. Este texto, que deve ficar longo, nasceu da necessidade de
compartilhar o que realmente penso da situação.
Vem-me à memória a
morte de ACM, no ano de 2007. Estava eu em Curitiba, em um congresso de jovens,
quase todos esquerdistas maconheiros. Celebraram. Brindaram a morte de ACM. E não
sei bem por que razão um esquerdista pode fazer isso, e um direitista não pode
proceder igual com relação a Lula. “Ah, W
Rafaell, mas Lula foi um excelente presidente, e ACM representava o que de mais
retrógrado existia na política”. Muita
idiossincrasia em voga. Lula representa para mim algo tão nefasto como o que
ACM representa para outros. E aí, em que pé ficamos? A esquerda pode desejar a
morte de ACM e ser progressista, mas a direita não pode desejar a morte de Lula
sem ser reacionária? Vão à merda os que pensam assim. “Arrá! Você está procurando argumentos para justificar o desejo pela
morte de Lula”, pensa que matou a xarada o bípede petista. Matou
nada...Mostrei apenas que, caso haja algum, e deve haver, ser humano desejoso
da morte de Lula, ele não pode ser acusado por um esquerdopata de nada, por
recíproco que estaria sendo.
Não tenho necessidade
nenhuma de ser politicamente correto. Detesto isso, na verdade. De sorte que me
dá indiferença se ele vive ou morre. Não compartilho de seu convívio e não tenho
com ele ou seus próximos quaisquer relações de afinidade. Dizer que sentiria
seu desaparecimento só para fazer as vezes de “bacana” não é meu estilo.
Dias atrás coloquei
lenha na fogueira com um bocado de gente ao afirmar que quem deveria morrer era
a Joelma da banda Calypso, e não o Steve Jobs. Levei cacetada de todos os
lados, embora alguns parcos e caros tenham ainda concordado comigo. Reitero
aqui que me referi não à pessoa física, e sim ao que representa a, digamos, “instituição”
Joelma, com todos seus trejeitos, letras vazias, acordes (e cavalos) mancos e
postura vulgar. Isso sim, a meu modo, deveria morrer. Mas voltemos ao ponto.
Falei de Joelma para, por fim chegar ao Lula...
Lula representa na
política o que Joelma representa na música. Lula é tudo, a meu ver, que deve
sumir. Desaparecer. Morrer. Outra vez, no entanto, falo da figura
institucionalizada, e não da física. Falo do apedeuta, e não da língua presa.
Do ignorante, e não da mão cotó. Lula, a pessoa, que viva 1 dia, 1 mês, 1 ano,
1 década ou 1 milênio...A mim isso pouco diz. Pouco afeta.
O que tem que desaparecer
é o “lulismo”. É a prática, os costumes, os modos e os métodos que caracterizam
o modo “Lula” de fazer política. O lulismo está arraigado na sociedade
brasileira. E isso nos faz mal. Muito mal. Mas não sumiria simplesmente com o
desaparecimento físico do seu líder. Marx. Smith. Guevara. Jesus Cristos. Eis
aí exemplos de pessoas que, desencarnadas, não tiveram suas “instituições”
esquecidas, nem seu modus operandi
extinto.
De modo que chega a ser
contraproducente para quem faz política de oposição desejar a morte de Lula. Ele
é sim embusteiro, enganador, farsante. Seu legado não iria (na verdade, não
irá, posto que demore) para a mesma sepultura que ele.
Lula que viva...Que vá
se tratar em Cuba, a melhor medicina do mundo (não é verdade, admiradores de
Fidel?). Ele em si não me é motivo de preocupação. O câncer de Lula que me
afeta não é o de sua laringe, e sim o de seu caráter. O seu legado moral e
ético para a política nacional, sim. É isso que deve ir para a sepultura o mais
cedo possível.