terça-feira, 19 de março de 2013

Quem pouco nos dá muito exige: Ouçamos Frevo

A visão dos nossos políticos, definitivamente, é de que nós, cidadãos, não sabemos guiar nossa vida. Em virtude disso, precisamos de uma mão forte e de uma voz bradando-nos o tempo todo o que fazer. Essa mão e essa voz chama-se O ESTADO. 

A novidade do estado totalitário, o grande paizão, vem do Recife. E é obra de um vereador claramente desocupado. A lástima maior é que seus pares, em maioria parecem estar de acordo. O vereador Marco Aurélio propõe que as rádios do Recife sejam OBRIGADAS a tocar frevo ao menos uma vez por dia. 

Ora! Ouça o frevo quem quiser, comprando cd’s, baixando na internet... Toque o frevo a rádio que quiser. Inserir o frevo de forma OBRIGATÓRIA é um atentado às liberdades individuais. Há rádios no Recife que são segmentadas (evangélicas, música APENAS internacional, música apenas POP, e há até uma rádio que não toca músicas, e sim notícias). Todas essas rádios têm em seu público cativo pessoas que não querem ouvir frevo, mas estarão sendo FORÇADAS, por uma lei inócua. Será isso um crime? Será isso passível de punição? Na opinião do Sr. Aurélio, sim. 

Parece-me que a lei terá um efeito contraproducente. Ninguém faz algo FORÇADAMENTE com boa vontade. Se o objetivo do edil era inserir o frevo no gosto do recifense, por estar ouvindo-o na rádio, o resultado será que aqueles que não são fãs da música, mas a conseguem ouvir esporadicamente, terão menos afeição ainda pelo estilo, por estarem sendo obrigados a ouvi-lo. As rádios segmentadas tocarão o frevo as 4h da manhã, ou se o fizerem em horário comercial, perderão, no momento da execução, boa parte de seu público. 

Quão bom seria que todos pudéssemos fazer nossas escolhas de foro íntimo. Isso é cada vez menos possível em um país que regula o que vemos na TV, o que devemos comer, beber, se devemos fumar ou não... Ainda que tais medidas tragam um pequeno ganho, causam-no dois males irreparáveis e nefastos: a perda da liberdade individual (afinal, querem nos tirar até o direito de ao gostar de um estilo musical) e a dependência cada maior de um estado velhaco, que muito pouco nos dá, e muito de nós exige. 

Nenhum comentário: